Opinião | Lobo solitário - Jodi Picoult

Olá! Hoje venho falar-vos do primeiro livro a que dou 5 estrelas este ano porque foi, definitivamente, uma leitura arrebatora, que me deixou de coração apertado e à qual não consegui ficar indiferente de modo algum.
Autor: Jodi Picoult
Data de publicação: 2016
Páginas: 408
ISBN: 9789722531566
Editora: Bertrand Editora
Sinopse: "Quando um lobo sabe que o seu tempo está a terminar e que já não é útil à sua alcateia, muitas vezes escolhe afastar-se. Morre assim afastado da sua família, do seu grupo, mantendo até ao fim todo o orgulho que lhe é próprio e mantendo-se fiel à sua natureza. Luke Warren passou a vida inteira a estudar lobos. Chegou inclusivamente a viver com lobos durante longos períodos. Em muitos sentidos, Luke compreende melhor as dinâmicas da alcateia do que as da sua própria família. A mulher, Georgie, desistiu finalmente da solidão em que viviam e deixou-o. O filho, Edward, de vinte e quatro anos, fugiu há seis, deixando para trás uma relação destroçada com o pai. Recebe então um telefonema alarmante: Luke ficou gravemente ferido num acidente de automóvel com Cara, a irmã mais nova de Edward. De repente, tudo muda: Edward tem de regressar a casa e enfrentar o pai que deixou aos dezoito anos. Ele e Cara têm de decidir juntos o destino do pai. Não há respostas fáceis, e as perguntas são muitas: que segredos esconderam Edward e Cara um do outro? Haverá razões ocultas para deixarem o pai morrer… ou viver? Qual seria a vontade de Luke? Como podem os filhos tomar uma decisão destas num contexto de culpa, sofrimento, ou ambos? E, sobretudo, terão esquecido aquilo que todo e qualquer lobo sabe e nunca esquece: cada membro da alcateia precisa dos outros, e às vezes a sobrevivência implica sacrifício. Lobo Solitário descreve de forma brilhante a dinâmica familiar: o amor, a proteção, a força que podem dar, mas também o preço a pagar por ela."

Opinião: Sabem aquela sensação de terminarem um livro e precisarem de uns minutos para respirarem fundo? Isso aconteceu-me com este livro de tão arrebatador que ele se revelou.
    Ainda só tinha tido oportunidade de ler um livro de Jodi Picoult – Frágil -, mas isso já foi há uns aninhos, mas recordo-me do quanto gostei dele na altura. Ao que parece esta autora tem o dom de escrever sobre temas polémicos e pouco abordados, levando qualquer leitor a questionar-se constantemente sobre determinadas questões e só por isso ela já é uma grande autora.
    Este livro conta-nos a história de Luke Warren que desde cedo revelou a sua paixão por animais, acabando por dedicar a sua vida profissional a estudar a vida dos lobos em alcateia, os seus comportamentos, acabando por mostrar-nos o quão parecidos com o ser humano eles podem ser em determinadas alturas. Com uma carreira brilhante, Luke embrenha-se de tal forma na sua vida profissional que acaba por esquecer-se um pouco dos seus deveres para com a sua família. O seu papel como pai e homem daquela família nunca é desempenhado devidamente. A sua passagem por casa limita-se a suprir as suas poucas necessidades básicas como comer qualquer coisa, tomar um duche e pouco mais, uma vez que ele se sente mais feliz a viver como um lobo numa alcateia. Esta ausência constante acaba por revelar-se devastadora para esta família, acabando por destrui-la como seria inevitável que acabasse por acontecer mais tarde ou mais cedo.
    Luke é casado com Georgie e ambos tiveram dois filhos: Edward que passa a sua infância a tentar agradar ao pai, mas é tão distinto do mesmo que isso revela-se difícil de concretizar e os momentos felizes entre pai e filho são de facto escassos e, depois temos Cara uma jovem determinada que é o elemento da família mais próximo do pai, acabando por decidir viver com o mesmo quando a mãe refaz a sua vida com outro homem e tem gémeos. Estes dois irmãos são como duas faces da mesma moeda ainda que muitos distintos: Edward saiu de casa aos 18 anos após uma grave discussão com o progenitor, contudo a natureza da mesma permanece em segredo durante grande parte do livro e Cara é feliz a acompanhar a vida do pai ainda que este seja um pai algo ausente.
    Esta dinâmica familiar é deveras complicada e a maioria do livro decorre a mostrar-nos como esta família poderá ou não reconstituir-se aos poucos se os seus elementos forem cedendo parte a parte.
    Tudo se desenrola após Cara e o pai terem um acidente de automóvel em que ela sai com pequenas mazelas e o pai entra em coma ficando praticamente em estado vegetativo. Georgie resolve ligar ao filho que regressa de imediato a casa, sendo a única que legalmente pode opinar sobre o que se deve ou não fazer com o pai, sendo que Cara ainda está a uns meses de se tornar maior de idade. É importante salientar que ele se encontra permanentemente em desacordo com a irmã mais nova que desde o início se agarra às poucas probabilidades que existem para o pai melhorar, uma vez que todas as probabilidades jogam contra ele. A probabilidade dele melhorar é algo como 1% para 100%, por isso só com um milagre é que isso aconteceria e milagres não acontecem a todos, infelizmente.
    Este livro levanta uma série de questões morais e éticas que nos fazem questionar o que é que nós faríamos naquela mesma situação, mas a verdade é que é difícil mantermos a cabeça fria quando algo de tão sério acontece com alguém que nos é tão próximo e querido apesar de todos os seus defeitos. Decidir o que fazer com o futuro de alguém é algo ingrato diria eu porque ficamos sempre com aquela dúvida se fizemos ou não o certo e faz-nos questionar o que queríamos que fizessem se fôssemos nós do outro lado. Basicamente, este livro faz-nos ver as coisas de todos os primas possíveis. Ainda me questiono como seria se o Luke tivesse tido uma segunda oportunidade, se iria ou não redimir-se perante a sua família e talvez compensá-los por todos os anos de ausência e quem sabe ser uma pessoa humanamente mais afetiva para aqueles que lhe são próximas. Sinceramente quero acreditar que se essa segunda oportunidade tivesse acontecido era assim que ele teria agido porque é isso que faz com que me sinta melhor após a leitura deste maravilhoso livro.
    O livro é narrado por vários pontos de vista e capítulo sim, capítulo não, é o Luke o narrador e vai-nos mostrando e revelando as suas descobertas com os lobos e depressa nos apercebemos das semelhanças destes com uma família. Aquela necessidade de cada um desempenhar o seu papel no seio familiar e de juntos protegerem-se de tudo e todos. 
    Dito isto, concluo apenas dizendo que nem sempre temos direito a escrever o nosso último capítulo e a ditar como queremos que seja a nossa partida. De certa forma devemos agarrar-nos com unhas e dentes à vida porque esta é curta demais para nos fazermos acompanhar com ressentimentos e, infelizmente, nem todos temos direito a segundas oportunidades para podermos remediar os nossos erros e dizermos aqueles que nos rodeiam o quanto gostamos deles.
    Para mim foi inevitável não dar as 5 merecidas estrelas a este livro, uma vez que gostei tanto dele e ele aborda um tema tão importante.
"Por outras palavras, aquilo que parece cruel e impiedoso visto de um determinado primas, visto de outro pode ser a única maneira de proteger a nossa família."
Pág. 189
Classificação: 

Playlist: 
E vocês, são fãs desta autora?

1 comentário:

  1. Olá
    Adorei a tua opinião. Acho que Jodi Picoult nunca desilude!
    Beijinhos e boas leituras

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